“Alcarràs“, a mais recente longa-metragem da realizadora Carla Simón, foi a escolhida como representante de Espanha na corrida aos Óscares 2023, um drama premiado com o Urso de Ouro de Melhor Filme na recente edição do Festival de Berlim
O filme de Simón, que vai tentar uma nomeação ao Óscar de Melhor Filme Internacional, é um retrato pessoal e terno de uma família confrontada às dificuldades da modernidade, um drama sobre tensões geracionais perpétuas, superação de antigas tradições e a importância da unidade familiar em tempos de crise, mostrando a lenta agonia das agriculturas familiares.
“Desde tempos imemoriais, a família Solé passa os Verões a colher pêssegos no seu pomar em Alcarràs, uma pequena cidade em Espanha. Mas após a receção de uma notificação de despejo, a colheita deste ano poderá ser a última”, é este o ponto de partida para o filme ambientado naquela localidade, que integra uma extensa área produtora de pêssego e outros frutos, que se estende ao longo da margem do Ebro.
Essa área, que produz grande parte dessas frutas de Espanha e da Europa, têm de superar diferentes desafios, tais como muitas outras iniciativas agrícolas atuais. Neste caso, a família Solé é obrigada a realizar a sua última colheita quando os novos planos para o terreno implicam o arranque dos pessegueiros e a instalação de painéis solares, o que causa uma cisão no seio da família, até aí muito unida. Pela primeira vez, os Solés enfrentam um futuro incerto e arriscam-se a perder mais do que a sua casa.
A ligação da realizadora com o campo é real e o filme é inspirado na família da realizadora, que eram precisamente de Alcarràs. Além disso, muitos vizinhos participaram como figurantes e atores secundários no filme, que explora a dinâmica familiar e as preocupações económicas ligadas ao cultivo da terra, prestando ao mesmo tempo homenagem às derradeiras e resistentes famílias de agricultores que mantêm as suas tradições.
VEJA A LISTA DOS FILMES JÁ SUBMETIDOS AO ÓSCAR DE MELHOR FILME INTERNACIONAL
“Alcarrás”, que foi descrito pela crítica como uma das melhores produções espanholas nos últimos anos e um dos filmes mais vistos nos cinemas espanhóis, foi escolhido de uma lista que continha mais candidatos, “As Bestas”, de Rodrigo Sorogoyen, e “Cinco Lobitos”, o filme de estreia de Alauda Ruiz de Azúa.