Nesta sexta-feira, 3 de dezembro, às 22:50h, a RTP2 exibe a primeira parte do documentário “Almas Mortas” (Dead Souls), do cineasta chinês Wang Bing, conhecido por filmes como “A Fossa“, “Três Irmãs” ou “Venice 70: Future Reloaded”, uma produção com mais de 8 horas de duração, sobre os prisioneiros abandonados no Deserto de Gobi. A 2ª parte será emitida na sexta-feira seguinte, dia 10, no mesmo horário.
Filmado entre 2005 e 2017, o documentário compila um catálogo extenuante de oito horas de sofrimento humano, de pessoas que habitaram em abrigos trogloditas escavados na paisagem, vivendo de um punhado de comida por dia, inchados e murchados pela desnutrição, com um índice de vítimas assustador. No inverno, lembra um deles, a morte pode vir tão rapidamente quanto uma “lâmpada apagada”.
O filme leva-nos até à remota província de Gansu, no noroeste da China, onde foram encontrados os restos mortais de inúmeros prisioneiros abandonados há mais de 60 anos no Deserto de Gobi. Designados “ultra-direitistas” na campanha persecutória executada pelo regime de Mao Tsé-Tung em 1957, foram condenados a morrer à fome nos campos de reeducação de Jiabiangou e Mingshui.
Nesta primeira parte, ao longo de mais de quatro horas, o filme convida-nos a conhecer os sobreviventes, para descobrir quem foram as vítimas deste “holocausto” asiático, as adversidades que tiveram de suportar e qual o seu derradeiro destino.
Wang Bing, mestre do documentário, revela uma parte da história Chinesa que corre o risco de ser esquecida. Compilando relatos de sofrimento humano, latente nas ossadas e nas memórias dos sobreviventes, o filme empreende o poder supremo de invocar os mortos e devolver parte da humanidade que lhes foi roubada.