O júri da 71ª edição do Festival de Cannes, presidido pela atriz australiana Cate Blanchett, atribuiu o prémio principal da seleção oficial, a Palma de Ouro, a Hirokazu Kore-eda, que se apresentou com o drama “Shoplifters” (Manbiki Kazoku), a primeira vitória do realizador japonês neste prestigiado certame francês, após ter sido selecionado oito vezes, das quais esteve a concurso por seis ocasiões.
O filme do cineasta de 55 anos acompanha o clã Shibata, uma família japonesa da classe média que sobrevive num espaço muito exíguo, onde as dificuldades financeiras levam a família a praticar pequenos delitos com a participação das crianças. Só que, devido a um crime de maior gravidade, descobre-se que todas as relações filiais são inventadas.
A decisão do júri, que não sofreu qualquer contestação, teve de enfrentar um pequeno embaraço com a produção de Jean-Luc Godard, “Le Livre d’Image”, resolvida com a atribuição de uma Palma de Ouro Especial, uma distinção similar a um prémio de carreira, para o cineasta que em dezembro completa 88 anos.
Spike Lee, que participou com “BlacKkKlansman”, uma sátira ao racismo dos anos 70, em que um polícia afro-americano infiltrou-se com êxito no Ku Klux Klan, mas erve atualmente como um feroz ataque ao presidente dos EUA, Donald Trump, conquistou o Grande Prémio do Júri.
O palmarés de Cannes 2018 contemplou ainda o polaco Pawel Pawlikowski, responsável pelo drama “Ida“, com o prémio de Melhor Realizador por “Cold War”, um drama romântico rodado a preto e branco. Apontado como favorito ao prémio maior do festival, “Capharnaüm”, da libanesa Nadine Labaki, levou para casa o Prémio do Júri.
Na área da atuação, o prémio de Melhor Ator foi entregue a Marcello Fonte por “Dogman”, de Matteo Garrone e o de Melhor Atriz a Samal Yeslyamova por “Ayka”, de Sergei Dvortsevoy.
O troféu de Melhor Argumento foi concedido ex-aequo à argumentista Alice Rohrwacher, que também dirigiu “Lazzaro Felice” e a Nadar Saievar e Jafar Panahi, autores do guião de “Three Faces”, que o iraniano Panahi dirigiu.
Destaque ainda para o prémio que distingue o melhor primeiro filme, o Caméra d’Or, que ficou nas mãos de Lukas Dhont pelo seu trabalho com o drama “Girl”.