Na próxima quinta-feira, 30 de junho, com distribuição da Zero em Comportamento, chega aos cinemas portugueses o documentário “Entre Ilhas“, da realizadora e antropóloga Amaya Sumpsi, que começou a conceber este filme em 2016, numa viagem entre as ilhas de São Miguel e do Faial a bordo do navio de passageiros “Express Santorini”.
O documentário de 1h:30m recupera as histórias de um povo que tem no mar o seu primordial elo de ligação e comunicação, descrito como “um filme-viagem sensorial pelo arquipélago dos Açores e pelas memórias dos seus habitantes que nos transporta a uma época em que os barcos comandavam a vida deste remoto lugar, pois só a bordo deles é que era possível partir da ilha e voltar a ela”.
“Como toda a etnografia, os meus processos cinematográficos são também lentos e morosos: foram precisos cinco anos de investigação, filmagens e pós-produção para chegar a este ‘Entre Ilhas’, um filme-viagem entre Madrid, Lisboa e os Açores, entre o presente e o passado e entre o real e o imaginado. Mas todo o encontro precisa do seu tempo, e o que é um filme, se não uma soma de tantos encontros?”, lê-se nas notas da realizadora.
É aos Açores – ora real, ora imaginado, que a cineasta pretende chegar quando embarca na sua peculiar viagem a bordo dos rápidos e modernos ferries que ligam hoje estas nove ilhas do Atlântico, às quais só se conseguia chegar depois de intermináveis viagens de barco, e das quais só era possível partir quando se perdia o medo de enfrentar a imensidão do mar.
No seu périplo, encontra velhas histórias de mar, folhas de diários perdidos e fotografias antigas que a hipnotizam: há horizontes repletos de barcos, comandantes e contramestres, há pianos nos salões da primeira classe, gado que viaja junto à terceira e caixeiros viajantes, há militares, muitos estudantes, alguns namoros e tantos enjoos, há nascimentos a bordo e dias de São Vapor, há tempestades e um medo terrível à morte.
A cada milha navegada, o lento vagar dos antigos iates e vapores enfeitiça a imagem presente, e do movimento lento das ondas emerge esse outro mundo sensorial em que não há aviões lowcost nem pressa para nada. “Entre Ilhas” sustem o fôlego para imaginar os Açores assim: ilhas centro, ilhas periferia, ilhas isoladas, ilhas cosmopolitas.