“Especial Clássicos: Glauber Rocha”: Aos sábados à noite no TVCine Edition

Depois de um ciclo que trouxe Glauber Rocha (1939-1981) de volta às salas de cinema portuguesas, os Canais TVCine apresentam agora na televisão seis das suas obras em versão restaurada, no “Especial Clássicos: Glauber Rocha”, que podem ser vistas aos sábados à noite, de 6 de maio a 3 de junho, no TVCine Edition.

Glauber Rocha , nome maior do cinema brasileiro, foi proponente de um estilo radicalmente livre, vincado pela forte crítica social, destacando-se enquanto figura central do movimento Cinema Novo que agitou o Brasil nos anos 60 e 70, deixando um legado de filmes ferozmente originais.

“Ele desnorteou, inventou, chocou, dececionou. Nada cedeu do seu desejo. Com obstinação, nunca deixou de fazer uma pergunta, que temo se tenha tornado obsoleta: o que seria um cinema que não devesse nada aos Estados Unidos?”, assim terminou o crítico Serge Daney o seu obituário.

A programação do “Especial Clássicos: Glauber Rocha” inclui as seminais “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, “Terra em Transe” e “António das Mortes”, bem como “O Leão de Sete Cabeças”, “Barravento”, “A Idade da Terra ” e ainda o documentário “Anabazys”, corealizado pela sua filha Paloma Rocha.

Assista ao vídeo promocional e conheça um pouco melhor os filmes do “Especial Clássicos: Glauber Rocha”:

6 maio – 22:00h : “Barravento” (1962)

A primeira longa-metragem de Glauber Rocha. Numa aldeia de pescadores de xaréu, cujos antepassados vieram de África como escravos, permanecem antigos cultos místicos ligados ao candomblé. A chegada de Firmino, antigo morador que se mudou para Salvador fugindo da pobreza, altera o panorama pacato do local, polarizando tensões.

13 maio – 22:00h : “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964)

O vaqueiro Manuel e a sua esposa Rosa fogem para o sertão depois de este matar um coronel que tenta enganá-lo. No ermo brasileiro, violento e assolado pela seca, eles encontram duas figuras icónicas: Sebastião, que se diz divino, e Corisco, que se descreve como demoníaco. Amarrar os seus destinos com essas figuras é uma decisão trágica, no entanto, pois o mercenário Antonio das Mortes está no seu encalço.

20 maio – 22:00h : “Terra em Transe” (1967)

Porfírio Diaz é um senador que deseja tornar-se imperador de Eldorado, país da América do Sul. O jornalista Paulo Martins, ao perceber as reais intenções de seu antigo protetor, passa a confrontá-lo publicamente. Vencedor do Prémio FIPRESCI no Festival de Cannes de 1967, do Grande Prémio do Festival de Locarno e de muitas outras distinções internacionais.

27 maio – 22:00h : “O Leão de Sete Cabeças” (1970)

Pablo, guerrilheiro latino-americano, e Zumbi, líder negro rebelde, unem-se para libertar um país africano (ou, quem sabe, todo o continente…) a ferro, fogo e sangue. No processo revolucionário que desencadeiam, eles enfrentam o mercenário alemão que, auxiliado pelo agente norte-americano e pelo assessor português, governa em nome da misteriosa Marlene. Um filme que denuncia o colonialismo e o imperialismo em África.

27 maio – 23:45h : “António das Mortes” (1969)

António das Mortes é um antigo matador de cangaceiros que é contratado por um coronel para matar um beato agitador. Ele confronta a sua vítima, mas decide poupar-lhe a vida. Mais tarde, resolve apoiar a causa do povo contra os desmandos do coronel. Glauber Rocha venceu o Prémio de Melhor Realizador (ex aequo) no Festival de Cannes.

3 junho – 22:00h : “A Idade da Terra” (1980)

Inspirado num poema de Castro Alves, o filme faz um retrato da situação política, cultural e racional do Brasil no final dos anos 1970, mostrando um Cristo pecador, um Cristo negro, um Cristo que seria um conquistador português e um Cristo guerreiro – os quatro “Cavaleiros do Apocalipse”. Este derradeiro filme de Glauber Rocha, assume um tom profético e religioso, recontando o mito cristão por meio de símbolos e costumes da cultura brasileira.

3/4 junho – 00:20h : “Anabazys” (2007)

Ao investigar as motivações estéticas e a luta incansável de Glauber Rocha pela liberdade no país, este documentário procura examinar as raízes dos pré-conceitos forjados historicamente contra “A Idade da Terra”, filme-testamento do realizador baiano. Com imagens inéditas de Glauber no exílio e cenas do seu programa de televisão, “Abertura”, o filme esclarece a sua postura polémica durante a ditadura, em defesa das aberturas democráticas no país. Criado a partir de 60 horas de filmagens, muitas inéditas, este é um documentário da autoria de Joel Pizzini e de Paloma Rocha, filha do realizador.

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