Depois de se ter estreado na cadeira da realização de longas-metragens com a comédia de mistério “Malapata (2017)” e de recentemente ter dirigido o thriller “Solum“, o ator e realizador português Diogo Morgado vai desta vez comandar as filmagens de um projeto de grande envergadura, cujo orçamento está estimado em 15 milhões de dólares (13,5 milhões de euros).
O filme intitulado “Luso” é baseado na história verdadeira de Pedro Francisco, um português que lutou sob o comando de George Washington na revolução americana, conhecido nos EUA como Peter Francisco, que nasceu nos Açores em 1760 e foi raptado aos cinco anos, tendo sido abandonado num porto do estado norte-americano da Virginia em junho de 1765, segundo as declarações à agência Lusa do produtor e argumentista Travis Bowman, trineto do herói português.
“Estamos a trabalhar no financiamento e temos o City National Bank em Beverly Hills que vai financiar 10 milhões. Os outros cinco milhões será através de investidores, que se vão disponibilizar a investir dinheiro em troca de um bom retorno se o filme tiver sucesso”, disse Bowman, que tem a intenção de produzir um filme independente semelhante a grandes dramas históricos como “Braveheart” e “Gladiador”.
“Luso” tem como base o livro “Hércules da Revolução” sobre Peter Francisco, publicado por Travis Bowman em 2009. O protagonismo estará a cargo de Brian Patrick Wade, que é acompanhado no elenco por Daniela Ruah, Sónia Braga e Fredy Costa.
Bowman e Wade deslocaram-se a Portugal duas vezes no último ano para reuniões com o Instituto do Cinema e do Audiovisual e com a NOS, para assegurar a distribuição em Portugal, bem como na 23ª gala anual do Conselho de Liderança Luso-Americano dos Estados Unidos (PALCUS), para promover a produção.
O produtor disse que começou a trabalhar no projeto há cinco anos e que “os factos são surpreendentes e é incrível que este filme nunca tenha sido feito”, acrescentando que quando escreveu o livro “já pensava na altura que isto tinha todos os ingredientes de um blockbuster”. Até hoje a único produção dedicada ao herói açoriano da revolução americana foi um mini-documentário que fez para o Canal de História.

Peter Francisco aos 16 anos já tinha 1,98m e pesava 118 quilos. Alistou-se no 10º regimento da Virginia para lutar na Guerra Revolucionária e tornou-se notório como soldado em grandes batalhas, incluindo Camden em 1780 e Guilford Courthouse em 1781. Numa citação inscrita no monumento erigido em honra do português em New Bedford, Massachussetts, George Washington, o primeiro presidente norte-americano, disse que sem Peter Francisco os EUA poderiam ter perdido a guerra da revolução contra os britânicos.
“É verdadeiramente um exército de um homem só”, disse o presidente, que mandara fazer uma espada de 1,80m de propósito para o “gigante” açoriano que matou 11 soldados britânicos e quase morreu dos ferimentos sofridos durante a Batalha de Guilford Courthouse, em Greensboro, cujo aniversário é assinalado a 15 de março como o Dia de Peter Francisco em vários estados norte-americanos.
As filmagens deste épico estão previstas para começarem no primeiro trimestre de 2020, em Portugal, Virginia e Carolina do Norte, tendo como objetivo o lançamento nos cinemas em 2022.