Afastado da lides cinematográficas desde 2016, quando dirigiu “Distant Vision”, o veterano realizador Francis Ford Coppola está determinado em avançar com um projeto que tem em mente há mais de 20 anos, considerado o seu filme “mais ambicioso” e capaz de superar “Apocalypse Now”, filme vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, em 1979.
Numa conferência de imprensa realizada no Festival de Cinema de Lyon, onde recebeu o Prémio Lumière de Carreira, o consagrado cineasta falou sobre o projeto: “Trabalho em ‘Megalopolis’ há vinte anos, em que procuro fazer um filme sobre utopia, sobre o que é realmente o céu na terra. Tenho um argumento, que se aproxima do que quero, em que abordo pela primeira vez [esse] objetivo.”
Coppola disse ainda ter abandonado “Megalopolis” após os ataques terroristas de 11 de setembro, nos EUA, acrescentando que o projeto será mais caro que “Apocalypse Now”, que teve um orçamento estimado em 30 milhões de dólares. O cineasta reconheceu que é esse o grande problema, um filme em termos de produção à escala da Marvel, mas mostrou-se confiante: “Tenho que encontrar uma maneira de chegar lá”.
Segundo Coppola, a trama de “Megalopolis” acompanha um arquiteto que procura construir uma visão utópica de Nova Iorque, destruída por um cataclismo. É a história de um homem que tem uma visão do futuro em conflito com tradições do passado, sendo também uma história de amor.
“Sempre quis filmar uma grande história de amor e nunca o fiz, mas gostaria de fazê-lo antes de sair de cena”, referiu o realizador de 80 anos, que nos seus créditos encontram-se títulos como “Do Fundo do Coração (1981)”, “Juventude Inquieta (1983)”, “Cotton Club (1984)”, “Tucker – O Homem E o Seu Sonho (1988)” ou “Drácula de Bram Stoker (1992)”, sem esquecer que foi o responsável pela saga de “O Padrinho”.
Coppola também abordou a polémica que envolve Martin Scorsese e concordou que os filme de super-heróis não são exatamente cinema: “O cinema deve trazer-nos conhecimento, inspiração. Não creio que se retire algo de um filme que é sempre igual. Scorsese foi correto quando disse que não era cinema. Não disse que era desprezível. Disse que não era cinema. É o que eu digo”, concluiu.