Ken Loach (Eu, Daniel Blake), o icónico cineasta britânico que em junho completa 87 anos, anunciou que o seu próximo drama “The Old Oak“, que vai ser exibido em estreia mundial na próxima edição do Festival de Cannes, pode ser o último filme da sua carreira.
Numa entrevista exclusiva ao The Hollywood Reporter, o cineasta anunciou a sua provável reforma da atividade cinematográfica. “Realisticamente, será difícil fazer uma nova longa-metragem”, disse Loach, acrescentando que os filmes “levam alguns anos a fazer e terei quase 90 anos”. Tendo em conta a complexidade do envelhecimento, disse que a sua “memória de curto prazo falha e a minha visão é muito ruim agora, então é bastante complicado.”
Loach começou a sua carreira como realizador de séries e o seu primeiro filme foi “Poor Cow”, de 1967. Dois anos depois, ganhou reputação e reconhecimento com o drama familiar “Kes”, classificado pelo British Film Institute como um dos melhores filmes do século 20. Desde então dirigiu filmes como “Riff-Raff” (1991), “Terra e Liberdade” (1995), “Brisa de Mudança” (2006), e o mais recente “Sorry We Missed You” (2019), entre outros.
Curiosamente esta não é a primeira vez que Loach anuncia a sua “reforma”, pois em 2014, quando se preparava para estrear o filme “O Salão de Jimmy“, também declarou que seria o último. No entanto, Loach desistiu da ideia, tudo por causa de uma questão política, uma nova lei que cortou os benefícios sociais e à qual se opôs fortemente. Isso levou-o a fazer o filme “Eu, Daniel Blake”, lançado em 2016, com o qual venceu a sua segunda Palma de Ouro em Cannes.
“The Old Oak” será o 15º filme de Ken Loach a estrear no Festival de Cannes. O filme, que ainda não tem uma data prevista para estrear em Portugal, conta a história de um bar em declínio no nordeste da Inglaterra, numa outrora cidade mineira. Mas desde o encerramento das minas, ficou praticamente vazia, tornando-a um local ideal para o desembarque de refugiados sírios.