A minha avó tinha uma força e um amor à vida tão grandes, que me fez acreditar que alguns de nós conseguiam escapar à morte e tornarem-se imortais.
Quando ela morreu quis salvá-la – decidi filmá-la e não era a ausência de um corpo que me ia impedir. Filmei um fantasma para depois o devolver ao reino dos vivos, como Orfeu tentou com Eurídice.
Criei um mundo onde ela continua a viver e para o fazer muni-me de todas as armas que tinha ao meu dispor. É um mundo, é um filme, feito de muitos registos e tempos diferentes – realizá-lo foi um trabalho de relojoaria, relojoaria de amor.
Este filme foi um percurso de ressurreição, é a minha forma de lhe dar a imortalidade, que julgo sua por direito.