Proibido pela censura durante o Estado Novo em Portugal, onde apenas se estreou depois do 25 de Abril de 1974, o controverso filme de culto “O Último Tango em Paris“, do cineasta italiano Bernardo Bertolucci, vai ser exibido esta sexta-feira, 28 de março, pelas 23:00h, na RTP2.

Quando foi lançado em 1972, o filme gerou controvérsia e escândalo pela representação gráfica de um relacionamento sexual anónimo e acalorado entre um expatriado americano de meia-idade e uma mulher francesa mais jovem, interpretados por Marlon Brando e Maria Schneider, respetivamente.

A invulgar história de amor que fala de amargura e solidão segue Paul (Brando), um empresário americano viúvo, que vive assombrado pelo suicídio da mulher. Jeanne (Schneider) é uma jovem parisiense, noiva de um jovem realizador. Os dois encontram-se casualmente num apartamento que ambos têm interesse em alugar, no bairro de Passy em Paris. Um encontro que se transforma numa ligação sexual sem compromisso.

Paul fica com o apartamento e os dois continuam a encontrar-se, sem nunca partilharem informações pessoais ou sequer revelar os seus nomes. Duas almas atormentadas que se juntam num apartamento tão despido como as suas tristes e trágicas vidas. Apanhados no ritmo incontrolável de uma dança carnal que não conseguem parar, estes amantes improváveis elevam a sua paixão a limites eróticos para lá da sua imaginação.

53 anos após o seu lançamento, o filme, que continua a ser controverso, tornou-se mais infame do que famoso devido ai uma cena em que Paul força em Jeanne, utilizando manteiga como lubrificante anal, uma cena que assombraria Schneider pelo resto da sua vida, uma história que vai ser revivida no filme biográfico “Maria Schneider”, sobre a atriz que morreu em 2011, aos 58 anos.

Bertolucci, que morreu em 2018, aos 77 anos, admitiu mais tarde: “Sinto-me culpado, mas não me arrependo”, quando questionado sobre a cena infame, que supostamente foi filmada sem o conhecimento prévio de Schneider sobre o uso de manteiga.