“Astrakan 79“, o filme da portuguesa Catarina Mourão, que mistura ficção e documentário, vai finalmente ser lançado nas salas de cinema portuguesas. A estreia é já na próxima quinta-feira, dia 11 de julho.
Estreado no festival suíço Visions du Réel 2023, o filme produzido pela Terratreme Filmes em associação com a Laranja Azul, foi exibido em Portugal no IndieLisboa’23, onde venceu o prémio de Melhor Realização, e ainda no MDOC – Melgaço International Documentary Film Festival, onde recebeu o prémio Jean-Loup Passek de Melhor Documentário Português.
Este “coming of age” híbrido acompanha Martim Santa Rita, que depois do 25 de Abril de 1974 foi, como muitos jovens portugueses, estudar para a União Soviética, uma sociedade que, aos olhos de muitos militantes comunistas portugueses, cumpria com todos os seus ideais. Tinha 15 anos e era um miúdo “inocente”. Os pais, militantes do Partido Comunista, achavam que ele ia para um sítio seguro, uma sociedade que cumpria com todos os seus ideais.
Martim viajou para Moscovo, atravessou de comboio o delta do Volga até Astrakan numa viagem iniciática. Apaixonou-se várias vezes, largou os estudos, tornou-se clandestino. O ideal comunista incutido pelos pais foi-o perdendo pelo caminho. Quarenta anos depois, Martim decide, neste filme, recordar a estadia de um ano e meio na União Soviética em 1979 e contar pela primeira vez esta história ao seu filho, uma história que foi sempre um tabu de família.
“É um filme sobre a educação ideológica e a sua falência e sobre a forma como as convicções dos pais são incutidas nos filhos, que por sua vez as questionam no presente. Neste filme continuo a explorar a temática dos segredos de família e tabus que vão atravessando gerações, neste caso refletindo o contexto político português de 1974 até aos nossos dias. Continuo a tentar entender as questões ligadas à passagem da memória entre gerações e à verbalização de afetos entre pais e filhos”, disse Catarina Mourão.