Apresentado em estreia mundial na secção “Un Certain Regard” do Festival de Cannes 2021 e vencedor do Prémio Louis-Delluc de Melhor Filme francês de 2021, chega esta semana aos cinemas nacionais “Onoda, 10 000 Noites na Selva” (Onoda, 10 000 Nuits Dans la Jungle), filme realizado por Arthur Harari, que conta a surpreendente história real do soldado japonês Hiroo Onoda (1922-2014).
Harari demonstrou notável ambição ao rodar um filme de quase três horas inteiramente na Ásia e em idioma japonês, com atores desconhecidos no Ocidente, uma coprodução internacional envolvendo França, Alemanha, Bélgica e Itália, que relembra o destino do tenente Hiroo Onoda que viajou para a ilha de Lubang (nas Filipinas) em 1945 com vista a combater a ofensiva americana.
O Japão capitulou a 2 de setembro de 1945 e para anunciar a rendição, aviões americanos lançaram panfletos sobre as várias ilhas do Pacífico. Mas Onoda recusa-se cegamente a acreditar. Para ele, é propaganda destinada a torná-lo fraco. Treinado para sobreviver na selva a todo custo, Onoda continuou a lutar durante mais 10.000 dias. Só em 1974 é que concordou em encarar os fatos, pois não está em guerra com ninguém há muito tempo e é hora de voltar para casa. Foi o penúltimo soldado japonês a render-se. O último foi Teruo Nakamura.
Um respeitável épico de guerra sobre uma personagem que pode ser vista de vários ângulos (ou como uma figura polifacetada e contraditória), sendo para uns um herói e um resistente que se recusou a submeter-se aos invasores ocidentais e para outros um louco delirante que matou inocentes enquanto travava uma guerra santa imaginária.
“Onoda, 10.000 Noites na Selva” foi nomeado em quatro categorias dos prémios César, incluindo Melhor Filme e Realização, arrecadando a estatueta de Melhor Argumento Original. Assista ao trailer legendado e não perca a estreia do filme na próxima quinta-feira, 3 de março.
