O drama “Sobreviventes“, do realizador José Barahona, foi escolhido pela Academia Portuguesa de Cinema como representante de Portugal aos Prémios Ariel, organizados pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas do México.
A segunda e última longa-metragem de ficção do cineasta português, que faleceu aos 55 anos em novembro do ano passado, vai concorrer ao prémio de Melhor Filme Ibero-americano. Com um argumento coescrito com José Eduardo Agualusa, o filme, que chegou aos cinemas nacionais em outubro de 2024, desafia a olhar a escravatura.
Esta coprodução da portuguesa David & Golias e da brasileira Refinaria Filmes, foi rodado em 2022 na costa portuguesa e conta com interpretações de Anabela Moreira, Zia Soares, Ângelo Torres, Miguel Damião, Roberto Bomtempo e com a participação de Milton Nascimento na banda sonora.
Gravado a preto e branco, o filme remete para o livro “Nação Crioula” de Agualusa e para a personagem fictícia Fradique Mendes, criada por Eça de Queiroz, retratando as tensões que se criam entre os sobreviventes, senhores e pessoas escravizadas, brancos e negros.
A trama leva o espetador até meados do século XIX, quando um grupo de sobreviventes do naufrágio de um navio negreiro, brancos e negros, dão à costa numa ilha deserta, perdida algures no Oceano Atlântico. A luta pela sobrevivência e pelo poder vai inverter os valores morais e sociais da época. Isolados, será possível encontrar uma forma de viver em harmonia. Uma história de como senhores e escravizados podem ou não conviver numa situação extrema.
Assista ao trailer de “Sobreviventes”, um filme que cruza a perspetiva colonial portuguesa com a dos angolanos, retirados à força de Angola e escravizados no Brasil, numa criação cinematográfica que questiona como encontrar uma forma de viver em harmonia face a um isolamento que se vai revelando entre as ondas que enchem as marés.